Reunidas de acasos e pertinências, tratando-se de um acervo ‘privado’, este conjunto de obras é representativo de diferentes autores contemporâneos, maioritariamente portuenses. De todo o fundo da galeria, são propostas seis estratégias à interpretação deste conjunto de obras de arte, estudos, edições e exercícios, pertencentes a SALA 117. Esta exposição vive de uma isenção de pretensão, dando ao curioso a possibilidade de ver uma pequena selecção de obras deste acervo, que à sua escala, ensaia um gabinete de curiosidades.

Partindo de uma selecção de obras que compõe o imaginário pessoal dos galeristas, definem-se algumas das opções estéticas e subjectivas que caracterizam este universo do seu acervo. Desta subjectividade na incorporação, que parte do âmago pessoal, por vezes impulsivo, são propostos ensaios de analogia, simbioses, aglomerações, convivências e abstrações. Deste imaginário pessoal é dado a conhecer ao espectador um conjunto de conceitos e fórmulas possíveis para a interpretação deste acervo, compreendido na selecção de vinte e uma obras.

As seis propostas de interpretação reflectem algumas evidências formais das obras em exposição, assim como propõe maior complexidade na relação entre si, como por exemplo a pintura de 1989 de Júlio Resende em justaposição com Ricardo Passaporte (2017) que vive de uma actualidade inerente às suas representações. A iconografia da imagem capturada, proveniente da fotografia ou vídeo, que relatam situações do banal. A pureza da matéria da obra na sua expressividade. O exercício da contemplação pela acepção do classicismo na representação formal e do rigor. Assim como algumas excepções que merecem reconhecimento no acervo da galeria. Representações do imaginário pessoal de quem colecciona.