Questions of Relief parte do pressuposto da necessidade de um ‘jardim’. 

Um espaço de ligação entre a civilização e a natureza, dedicado à fruição e contemplação, é propício à meditação, mas também um espaço para a comunidade. O jardim adquire diferentes acepções e funções, definindo áreas de acção e pensamento que podem ser consideradas um cenário do Second Life – uma imagem idealizada do mundo. É testemunho de uma cultura, de um estilo e época, representativo de uma sociedade. Em O Jardim das Delicias Terrenas (1504) de Hieronymus Bosch, sendo bastante mais prolifero nas suas representações, estão figuradas algumas das intenções da Questions of Relief. Em exposição são propostos ‘jardins’ na Galeria Vertical do Silo Auto que vêm de alguma forma evidenciar a vontade de um pensamento utópico sobre o contexto actual do séc. XXI..

A exposição é uma proposta que enuncia, tal como a definição de jardim, a intenção de jogar com a questão do espaço e do ‘estar’, vivência e fruição – um sentimento de tranquilidade e relaxamento após a libertação da ansiedade ou angústia. Carlos Azeredo Mesquita, Dayana Lucas, Gabriela Vaz-Pinheiro, Inês Castanheira, Isabel Carvalho, Pedro Tudela, Ricardo Passaporte e Teresa Braula Reis, distribuídos pelos sete patamares da caixa de escadas da Galeria Vertical do Silo Auto, desenvolveram uma interpretação de jardim ‘moderno’, em diversas configurações, adaptadas ao contexto do século XXI – os predicados de Alvin Toffler nos anos 70. As obras em exposição surgem na relação dos autores com o espaço, figurando-se em diversas tipologias, vivendo de uma arqueologia pessoal do parque e do ‘jardim’. Tudo é um fluxo de informação constante, sem qualquer tipo de filtro – processo reflexo de uma sociedade de informação e procedimentos que corresponde à nossa actual vivência e daquilo que nos rodeia, da forma como processamos a informação que procuramos e da que nos é deliberadamente oferecida. Em Future Shock, Toffler manifesta as suas preocupações quanto às possíveis alterações estruturais da sociedade moderna, concordantes com a aceleração e desenvolvimento da tecnologia, prevendo a sobrecarga do Homem perante esta evolução, e a sua consequente desorientação. Estas questões induzem à reflexão de uma nova utopia, um pensamento que é revivalista mas que vive evidentemente do declínio, dos conceitos de sociedade e comunidade – surgem os jardins como um espaço de intervenção.